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O Porsche Clube 356 Portugal organizou entre 13 e 15 de abril o seu passeio de primavera, desta vez tendo como destino a histórica vila de Olivença, na Extremadura espanhola. Nada menos que 17 equipas responderam à chamada, tendo 3 delas comparecido apenas no último dia do evento.Durante a tarde de sábado houve uma interessante visita guiada na parte histórica de Olivença, liderada pelo Dr Carlos Luna, um professor de Elvas que revelou ser um profundo conhecedor de eventos relacionados com a História de Portugal e não só.Ao fim do dia, jantar e dormida no Rocamador, um mosteiro do século XVII agora convertido em hotel de luxo.No domingo a caravana dirigiu-se para Elvas, tendo havido um desfile através da cidade, após o qual o nosso confrade Fernando Carpinteiro Albino nos guiou ate à sua Herdade da Torre do Frade, perto de Monforte. Seguiu-se uma prova de vinhos e um magnifico almoço servido numa das casas que compõem o magnifico conjunto arquitectónico que serve de residência à familia.

O Porsche Clube 356 Portugal aqui deixa o seu apreço e reconhecimento pela generosa hospitalidade da familia Carpinteiro Albino, faltando apenas acrescentar que a visita à Torre do Frade passa a partir de agora a constar como um dos momentos altos da ainda breve história desta instituição. Bem hajam.

Segue-se um texto recolhido, tratado e organizado por Vasco Branco com um relato sobre a Guerra das Laranjas e os factos que ditaram a mudança de estatuto de Olivença.

A chamada Guerra das Laranjas foi um curto evento militar ocorrido entre Portugal e a Espanha em 1801. Foi um episódio traumático na História de Portugal e reveste-se de particular importância por ter iniciado a chamada “Questão de Olivença”, em aberto na política de Relações Internacionais de ambos os países até aos nossos dias.No início do século XIX, o governo de D. Maria I de Portugal (1777 – 1816) procurava equilibrar-se entre as duas grandes potências no tabuleiro europeu – França e Inglaterra - através de uma política externa pautada pela neutralidade. Os ganhos com essa política eram duplos, uma vez que sob o manto da neutralidade, o comércio português atendia a ambos os lados em conflito.Este era o problema a que a diplomacia portuguesa tinha de dar resposta. Era-lhe essencial manter a relação preferencial com a Grã-Bretanha, a fim de manter as rotas comerciais marítimas livres de perigo e assegurar o mercado britânico para o vinho do Porto, o mais importante e valioso produto de exportação português e que não tinha nenhum outro mercado importador de substituição. Este constrangimento impedia o país de ter uma política externa totalmente independente e tornavam-no, aos olhos dos governos continentais, e sobretudo da França, uma potência submetida aos interesses estratégicos e comerciais britânicos.A França desejosa de romper a aliança anglo-portuguesa e assim fechar os portos portugueses ao comércio britânico, pressionava e intimava Espanha a invadir Portugal.Embora Portugal tenha enviado um negociador para a Corte de Madrid, a contestar a intimação, a Guerra foi declarada.O Exército português contava no início de 1801 apenas com 2.000 cavaleiros e 16.000 infantes, sob o comando do Marechal/General D. João Carlos de Bragança Sousa e Ligne, 2.º duque de Lafões, na altura contando já 82 anos de idade.Pelo lado espanhol, o primeiro-ministro espanhol Manuel de Godoy foi nomeado comandante-em-chefe das tropas de invasão, cujo efectivo ascendia a 30.000 homens.Pelo lado francês, em Abril, as tropas sob o comando do general Charles Victor Emmanuel Leclerc (cunhado de Napoleão Bonaparte), começaram a chegar a Espanha. Diante do rápido desfecho do conflito, não tiveram oportunidade de entrar em combate.A 20 de Maio, o exército espanhol penetrava em Portugal pelo Alentejo, ocupando, sem resistência, a Praça-forte de Olivença, feito que se repetiu com a Fortaleza de Juromenha, Arronches, Portalegre, Castelo de Vide, Barbacena e Ouguela. A Praça-forte de Campo Maior resistiu por dezoito dias antes de cair com honras militares e a Praça-forte de Elvas resistiu com êxito. No curto espaço de dezoito dias, o exército espanhol era senhor da região do Alto-Alentejo.A designação que o conflito tomou historiograficamente – Guerra das Laranjas - deve-se a um episódio ocorrido quando do cerco a Elvas (Maio de 1801): dois soldados espanhóis teriam colhido, dois ramos de laranjeira com frutos, que foram remetidos frescos pelo seu comandante, Manuel de Godoy, à rainha Maria Luísa, esposa de Carlos IV de Espanha e sua amante, com a mensagem:

“Eu careço de tudo, mas sem nada, irei para Lisboa”.

Este gesto de galanteria foi um indicativo de uma relação mais íntima entre Godoy e a sua soberana.Toda esta parte triste da Historia de Portugal manifesta o ridículo e a fraqueza que o nosso país tinha na senda internacional e que fica atestada na carta enviada pelo Duque de Lafões ao general marquês de Solana, comandante da Divisão de Vanguarda do Exército espanhol que invadiu o Alentejo em 1801: "porque nos havemos de bater? Portugal e Espanha são duas bestas de carga. A Inglaterra nos excita a nós e a França vos aguilhoa a vós. Agitemos e toquemos pois as nossas sinetas; mas, por amor de Deus, não nos façamos mal algum. Muito se ririam em tal caso à nossa custa."Em completa desvantagem, Portugal assinou o Tratado de Badajoz, no dia 6 de Junho de 1801 e que entre os seus artigos, estipulava:A paz entre as duas nações, em toda a extensão dos seus reinos e domínios, em terra e no mar;O encerramento dos portos de Portugal e de todos os seus domínios aos navios da Inglaterra;A restituição, pela Espanha, das praças e povoações de Juromenha, Arronches, Portalegre, Castelo de Vide, Barbacena, Campo Maior e Ouguela, conservando, em qualidade de Conquista a Praça de Olivença, seu Território, e Povos desde o Guadiana, estipulando-se a linha de fronteira, naquele território, pelo rio Guadiana;Proibição de contrabando nas fronteiras entre ambos os países;Pagamento por parte de Portugal à Espanha, das despesas incorridas por esta na guerra;

 

 

E assim ardeu Olivença!..

Abril 2012


15.04.2012